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Formas (ou tipos) de Conhecimento Humano: breve introdução

quinta-feira, 5 de julho de 2012


Muitos séculos atrás, Aristóreles já afirmava: “todos os homens, por natureza, desejam conhecer”. Se procurarmos nos dicionários o significado da palavra conhecimento, encontraremos definições como: ideia, noção, informação, saber, instrução e perícia. Todavia, nada melhor do que recorrer aos gregos para uma contextualização mais profícua. Segundo Saviani (2000, p. 19),

Em grego, temos três palavras referidas ao fenômeno do conhecimento: doxa, sofia e episteme. Doxa significa opinião, isto é, o saber próprio do senso comum, o conhecimento espontâneo ligado diretamente à experência cotidiana, um claro-escuro, misto de verdade e de erro. Sofia é a sabedoria fundada numa longa experiência de vida. É nesse sentido que se diz que os velhos são sábios e que os jovens devem ouvir os seus conselhos. Finalmente, episteme significa ciência, isto é, o conhecimento metódico e sistematizado.

O homem, ao buscar compreender seu entorno e apreender certas realidades, produz conhecimento. Melhor dizendo, conhecimento é o produto das relações humanas com a natureza (realidade natural) e com os próprios homens (realidade social). E, ao juntarmos a realidade natural com a realidade social, teremos a chamada prática social.
Ao longo de sua história, o homem sempre procurou entender o mundo ao seu redor. Assim, da incompreensão passou para o misticismo e, mais recentemente, começou a buscar respostas que pudessem ser comprovadas.
A busca pelo conhecimento envolve três elementos: o sujeito cognoscente (que busca compreender, conhecer), o objeto do conhecimento (um objeto de estudo) e o conhecimento. Esse conhecimento, que é resultado das práticas sociais, pode ser de duas formas ou tipos, conforme veremos a seguir:

a) Senso comum (conhecimento popular): o senso comum é o conhecimento do povo, o acúmulo de tradições e experiências de vida. Alguns julgam esse tipo de conhecimento como sendo acrítico e superficial em sua abordagem, outros o veem como uma importante forma de captação da realidade. Todavia, é uma forma de conhecimento falível e inexata, conformando-se com a aparência.

b) Mitológica: o conhecimento através de fábulas e lendas. Trata-se de um relato fantasioso que procura explicar algum fato da vida ou fenômeno da natureza apelando para divindades.

c) Mágico: crença na possibilidade de produzir efeitos não naturais. Não há consenso entre os autores acerca dessa forma de conhecimento. Magia, bruxaria, esoterismo.

d) Teológica (religiosa): essa forma de conhecimento está apoiada em doutrinas ditas sagradas, baseadas na crença da existência de Deus e outras entidades. Está fixada no dogma, na verdade irrefutável (ao contrário da ciência). Embora seja sistemático, não é verificável.

e) Filosófico: reflexão humana, raciocínio lógico. É fundamentado na razão, no discernimento entre o que é certo e o que é errado. Trata-se de um conhecimento valorativo, racional, exato e infalível (pois suas hipóteses não podem ser verificadas).

f) Artístico e literário: forma de cognoscibilidade proporcionada pela arte. O objeto é interpretado pela sensibilidade do artista e então traduzido em uma obra. Criatividade, imaginação, habilidade.

g) Ideológico: objetiva legitimar um ponto de vista, incutir um posicionamento em outros. Justificador, legitimador.

h) Científico: conhecimento sistemático caracterizado pela análise, explicação, justificação, etc. Investigação metódica, rigorosa. Lida com fatos (é real), pode ser verificada, é falível (não é definitiva) e aproximadamente exata (pode ser alterada). Não existem verdades absolutas. Todo enunciado científico pode vir a ser alterado (o conhecimento não é estático). A produção do conhecimento científico sempre está baseada em procedimento metodológicos estruturados (método científico).

Referências:
AYALA, Eduardo J. Z. Fundamentos da pesquisa em educação: prolegômenos. Santa Maria: Edição do Autor, 2012.
COSTA, Marco Antonio F. Da; COSTA, Maria Barrozo da. Projeto de Pesquisa: entenda e faça. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2000.

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